As vendas no comércio varejista paranaense em agosto cresceram na maior parte dos segmentos, recuperando parte das perdas do ano. Os dados constam no boletim conjuntural elaborado pelas secretarias da Fazenda e do Planejamento e Projetos Estruturantes para medir os impactos da crise da Covid-19 sobre as contas públicas e a sociedade. O documento, que traz indicadores e dados coletados pela Receita Estadual e pelo Ipardes, foi publicado nesta sexta-feira (21/08).

Pela primeira vez desde o início da pandemia, o número de segmentos com altas nas vendas (agosto de 2020 na comparação com o mesmo período do ano passado) supera o de grupos em baixa. Venderam mais: Áudio, Vídeo e Eletrodomésticos (49%), Informática e Telefonia (26%), Material de Construção e Ferragens (22%), Hipermercados e Supermercados (12%), Farmácias (10%), Cama, Mesa e Banho (8%), Cosméticos, Perfumes e Higiene Pessoal (5%) e Veículos Novos (1%) – este último, aliás, registrou a primeira alta de vendas desde janeiro.

Por outro lado, os setores mais atingidos pela crise continuam amargando quedas em agosto, embora em percentuais menores que nos meses anteriores. São eles: Vestuário e Acessórios (-15%), Calçados (-23%) e Restaurantes e Lanchonetes (-42%). Nos dois primeiros casos, porém, os percentuais de queda são os mais baixos desde fevereiro – o que demonstra uma pequena mas constante reação.

Já no acumulado do ano, 6 dos 11 segmentos avaliados registram quedas – Restaurantes e Lanchonetes (-36%), Calçados (-34%), Vestuário e Acessórios (-29%), Veículos Novos (-17%), Cama, Mesa e Banho (-15%) e Cosméticos, Perfumes e Higiene Pessoal (-8%). Já Informática e Telefonia (1%), Material de Construção e Ferragens (3%), Farmácias (6%), Áudio, Vídeo e Eletrodomésticos (7%), e Hipermercados e Supermercados (10%) acumulam altas nas vendas.

PRODUTOS – No recorte de vendas totais por produto (que incluem as negociações de mercadorias entre empresas ao longo da cadeia produtiva e as exportações), 24 grupos tiveram altas nos primeiros 15 dias de agosto, enquanto apenas 4 registraram queda.

Os principais destaques no comparativo com o mesmo período de 2019 foram a linha branca (74%); Tratores (55%); Notebooks (52%); Cereais, Farinhas, Sementes e Café (52%); Frutas, Verduras e Raízes (46%) e Telefones Celulares (45%). Tiveram retração Automóveis (-31%); Vestuário (-21%); Iluminação (-5%) e Produtos de Limpeza (-3%).

No acumulado do ano, as maiores altas seguem com o setor alimentício: cereais, farinhas, sementes, chás e café (35%); frutas, verduras e raízes (23%); carnes, peixes e frutos do mar (20%); seguidos de produtos químicos (19%) e notebooks (14%).

Por outro lado, as maiores baixas de 2020 concentram-se no vestuário (-28%), automóveis (-27%), caminhões e ônibus (-22%), tratores (-14%), motocicletas (-12%) e bebidas não alcoólicas (-5%).

TENDÊNCIA – O valor médio de emissão de Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) nas primeiras semanas de agosto confirma a tendência. Houve crescimento nos comércios atacadista e varejista e na indústria de alimentos – a exceção foi a indústria de transformação, com queda de 8 pontos percentuais em relação a julho. Comércio varejista e indústria de alimentos, inclusive, sustentam índices superiores aos de março (utilizados no estudo como base de comparação).

Na macrorregião Leste (do Centro-Sul ao Litoral, passando por Curitiba, Campos Gerais e Região Metropolitana), sobressaíram os resultados do comércio varejista e da indústria de alimentos, operando acima dos patamares observados antes da pandemia.

A macrorregião Noroeste (região de Maringá e Umuarama) registrou um forte recuo na indústria de transformação, em contraposição ao crescimento das atividades comerciais. O ramo varejista pela primeira vez passou a operar a níveis superiores aos de antes da pandemia.

E a macrorregião Norte (Londrina e região), num reflexo do Estado, também registrou alta em três das quatro atividades avaliadas. A indústria de alimentos é atualmente o segmento com índice mais elevado, suplantando o patamar de operação pré-pandêmico em 11,1%.

POUCAS EMPRESAS SEGUEM SEM ATIVIDADE – O número de empresas paranaenses em atividade teve pouca alteração em relação ao final de julho, muito próximo do observado no início de março – ou seja, é bastante reduzida a quantidade de estabelecimentos que estejam totalmente paralisados devido à pandemia.

No total do Estado, o percentual de empresas que emitiram ao menos um documento fiscal (NF-e ou NFC-e), o que as caracterizam como ativas, no começo de agosto chegou a 97%. Para efeitos de comparação, no final de março este índice havia despencado para 54%.

Em diversos municípios o índice de empresas em funcionamento voltou a 100%. Enquanto Curitiba registrou um percentual de 93%, Foz do Iguaçu segue com o mais baixo índice de empresas ativas: 88%.

ARRECADAÇÃO, POR SUA VEZ, AINDA EM QUEDA  – Já o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que reflete as vendas do mês anterior, voltou a registrar queda após a reação de julho e ainda está longe de retomar os níveis pré-covid. O montante arrecadado nas primeiras semanas do mês foi de R$ 2,22 bilhões, 3,7% menos do que no mesmo período de 2019. No acumulado de 2020, a queda na arrecadação do principal tributo do estado chega a R$ 1,5 bilhão (-7,5%).

A baixa é puxada principalmente pelo setor de combustíveis, cuja participação representa 22% de todo o total do ICMS arrecadado no Paraná. Nestas primeiras semanas de agosto, o segmento registrou variação negativa de R$ 134 milhões (-21%). O setor automotivo também caiu em arrecadação (-15,6%).

Por outro lado, segmentos significativos na composição do tributo tiveram alta este mês: Energia (1,5%), Indústria (15,3%) e Bebidas (6,5%).

Ainda segundo a análise do boletim, as perspectivas para 2021 são de um PIB nacional 7% menor do que seria num cenário sem pandemia. Como a arrecadação de ICMS tem forte correlação com a atividade econômica, uma queda desta ordem pode retirar R$ 2,3 bilhões dos cofres estaduais no próximo ano.

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BOX

Distorções na ajuda federal aos estados prejudicaram o Paraná

O Boletim desta semana mostra ainda que o modelo do socorro federal aos estados para compensar as perdas de arrecadação com a pandemia de covid-19 apresenta graves distorções que prejudicam algumas unidades da federação – entre elas, o Paraná.

De acordo com o Estudo Técnico 24/2020 da Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, até o momento o auxílio da União não foi suficiente para cobrir as perdas de ICMS no estado.

Segundo o documento citado no Boletim, a metodologia utilizada fez com que diversos estados recebessem valores muito superiores às suas perdas (o caso mais emblemático é o de Mato Grosso, que registrou uma perda de receita de apenas R$ 3,5 milhões e recebeu repasses de R$ 727,4 milhões – 205 vezes mais), enquanto os três estados do Sul e São Paulo receberam valores inferiores à perda de receita.

No caso do Paraná, o prejuízo chega a R$ 26 milhões.

Para os autores do estudo, esse “excesso” de repasses para alguns estados representa um gasto novo da União e que não tem finalidade específica, com a destinação dos recursos ficando a critério dos governadores.

Por outro lado, alguns estados não cobriram sequer as perdas. “Não obstante o auxílio superar para o conjunto dos estados a queda de arrecadação do ICMS nos meses de abril a junho, na comparação estado a estado os valores dos repasses foram inferiores à perda de receita nos casos de São Paulo e dos três estados da Região Sul”, pontua o estudo técnico.

► ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DO BOLETIM CONJUNTURAL

Fonte: SEFA/PR

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